sábado, 8 de novembro de 2008

um bem-te-vi passou por aqui




Autor: Maria de Deus Oliveira

Há quanto tempo eu não ouvia o canto de um bem-te-vi. Ele ficou bem próximo da minha janela e cantava bem forte, calorosamente, apaixonadamente e então, eu me lembrei da minha avó, Ana Juvina, quando ouvia esse passarinho cantando falava: - "Se for bom venha, se for ruim vá embora". Ela ficava repetindo e nós, eu e minhas irmãs, Ana Helena e Diva, fazíamos coro com ela. Eu achava tão interessante porque o seu diagnóstico era certeiro, quando ele ficava, sempre aparecia uma pessoa muito querida, que trazia sempre consigo sorrisos e alegria.
Fiquei que nem criança, falando e repetindo a frase, e cada vez mais ele cantava, eu falava e parecia até dois repentistas disputando e dava até a impressão que ele já estava sorrindo, então pensei, é um canto por alguém bem-vindo!
Calei, fiquei feliz, será que esse alguém é a pessoa que há tanto tempo espero, um amor? Aquele que fará uma festa verdadeira nos meus sentimentos e meu coração se cobrirá de flores para recepcionar esse beija-flor? Mas quem será esse homem que vai despertar em mim essa felicidade morta e enterrada que não me faz mais suspirar de emoção. Ai, Deus! Permita que seja sincero, aquele por quem eu espero, será esse varão, o meu Adão? Que nome terá, como será essa nova sensação?
Espero que me faça estremecer dos pés aos fios dos cabelos, dê frio na barriga, me vire de ponta-cabeça em adrenalina, penetre na minha alma, devaste meu coração, deixe febril meu corpo, me enterneça com os seus gestos fagueiros e me ame com muita paixão.
Senhor, eu lhe peço em contrita oração, faça desse “ser” meu fiel companheiro, amigo e jamais traiçoeiro. Enfim, que me faça sentir muito amada, serei então sua escrava desse amor derradeiro, mas preciso saber se é fiel e verdadeiro?
Ai! Bem-te-vi! Corre aqui!!! Responde pra mim com teu cantar: sim ou não, não ou sim? Se for verdade me cobrirei de encantos, esperarei meu amado, e felizes pra sempre como num conto de fadas viverei com meu príncipe encantado, enxugarei o meu pranto e de amor viverei até seu último canto e vou pedir a Deus que permita ao bem-te-vi a imortalidade, porque se ele morrer, emudecer, com certeza também morrerei de saudades!

Livro: Alinhavando Palavras – Sem pé, nem cabeça. I VOLUME

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