Seria maravilhoso se as dores da alma fossem curadas simplesmente com aspirinas, cirurgias, fisioterapia, enfim, com toda a ciência que o homem estudou e descobriu para curar o corpo. A anestesia para mim foi a maior descoberta para a humanidade, quem aguentaria fazer uma ponte de safena sem a utilização de anestésicos? A morfina alivia qualquer dor, entretanto, não existem remédios que nos salve ou nos alivie das dores da alma. O quê, e quem podem curá-las? A cada dia surgem antidepressivos que aparentemente parecem elevar a estima, mas basta parar que tudo arrebenta, caí de novo no precipício, ser forte é difícil para quem está com a alma rebentada.
Como um psiquiatra pode auxiliar um paciente, quando a dor que sente é tão forte que chega a ser humilhante discorrer sobre a experiência de conviver com tantos sentimentos de rejeição que o anula como pessoa humana?
Não é fácil se sentir “diferente” dos demais, seja em qualquer situação que degenera a nossa integridade mental. Esta ausência de fortaleza em dirigir e encaminhar os nossos pensamentos para os caminhos positivos, essa fragilidade de não saber reagir diante de uma realidade que só nos causa desprazer e nos faz sentir uma sangria desatada , desenfreada agonia do desamor, da incapacidade de virar a mesa, dessa covardia de permanecer preso aos guizos do amor e da paixão incompreendida, rejeitada, e o pior ainda, é termos que esconder de tudo e de todos para não sermos considerados tolos, fingindo que tudo vai bem, muito obrigado! As lágrimas teimosas “vivem” beirando os olhos e muitas vezes temos que correr para não “desabar em choro” e quem está nos olhando, fica na interrogação: - O que aconteceu?
Fingimos: - Foi um cisco no olho. - Lembrei de fulano que morreu. São milhões de desculpas esfarrapadas, e para que não aconteça mais isso, temos é que nos esconder, não nos expor ao perigo de sermos pegos em fragrante, trancar-se em casa,trabalhar com afinco, manter-se ocupado, “porque a ociosidade é a maior oficina do diabo”. Diversão nem pensar! É uma enorme traição aos seus sentimentos, porque o amor a si próprio escafedeu.
Receitas para curar as dores alheias, existem a torto e a direita. Aqueles que estão no “bem-bom”, articulam facilmente o que deve ser feito e os outros que estão sofrendo querem enxergar essa “LUZ”, mas não conseguem, estão presos no “fundo do poço”. As reações são fugas para se manter vivo, íntegro pelo menos, principalmente fiel àquele afeto platônico, que é a sua única razão de viver, de sofrer, de sonhar, enfim, seu martírio, mas também salvação, porque uma paixão verdadeira, ninguém destrói, ninguém estraga, ninguém corrompe, e todos dizem que é melhor morrer de amor, do que nunca ter saboreado as delícias ardorosas, a entrega do carinho experimentado durante a sensação vivida por um prazer inusitado, prolongado pela satisfação completa dos sentidos, ou pelo menos, um beijo tão sonhado.
Mas existe uma esperança, uma saída, em um adágio popular, pode estar nossa cura: “pingo d’água em pedra dura, tanto bate, até que fura!”
Autor: Maria de Deus Oliveira
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